sábado

Passagem

On repeat até 2006. (Também dá para dançar.)

sexta-feira

2005, pessoal e transmissível

O Melhor:
- LCD Soundsystem, 22 Junho, Lux, Lisboa;
- Mogwai, 31 de Agosto, Docapesca, Lisboa;
- Norman, ontem, Lounge, Lisboa.

Pandora

Era como se chamava a caixa de comentários.

quinta-feira

Reciclagem

Olá,
Faço parte de uma promotora recém-criada chamada conta-gotas. Vamos começar a organizar concertos a partir de janeiro. Já que queremos criar um site para ir colocando informação relativa aos espectáculos, acabei por ir parar ao blog conta-gotas.blogspot.com, que não é actualizado desde 2003. Se estiver (como parece) completamente abandonado, seria possível ceder-nos a morada?
* E eu cedi.

* recebido por e-mail a 2 de Dezembro de 2005

terça-feira

Broken flower



Por coincidência, também eu fui ver o filme de Jim Jarmusch no dia 25 de Dezembro. Na banda sonora descobri Mulatu Astatke, músico etíope, Father of Ethio-Jazz, de acordo com a Wiki. Se o Ricardo aceitasse «posts pedidos», eu pedia-lhe para um dia destes escrever sobre o disco Ethiopiques, Vol. 4: Ethio Jazz & Musique Instrumentale, 1969-1974.

Ficção

Mentira pequenina, mentira grande.

Debochometria

Fiz o teste*, mas não revelo o meu resultado para não desiludir ninguém. A não ser que o facto de ter lido, à primeira, «alguma vez expiaste sexualmente um homem?», em vez de «alguma vez espiaste sexualmente um homem?», dê pontos extra.

*via Glória Fácil

Blondes do it better

Sérgio, a cor do cabelo de Naomi Watts é-me indiferente. O mesmo não posso dizer dos restantes atributos dela.

segunda-feira

Xmas #2

Depois da meia-noite, uma imperial oferecida ao balcão. Cheers.

Xmas #1

Antes da meia-noite, sopa de castanha com umas gotinhas de limão. Delicious.

domingo

Natal (idade)

Do menino Jesus não sei nada, mas o filho do Nuno Costa Santos nasceu a semana passada. Bem-vindo!

quinta-feira

Intenção de voto

Guito, massa, carcanhol, etc.

[recebido hoje por e-mail]

Dear All:

É Dezembro e está frio. O Natal é uma circunstância - passemos adiante. Não tenho dinheiro, o que é normal. O endividamento é um problema nacional e eu devo ter sido escolhido como study case. A mama familiar, sim. Mas é cada vez mais a veritable pain in the ass (sosseguem, o meu rabinho continua incólume). O trabalho que tenho, e tenho, só daqui a uns longínquos meses renderá algum. Pouco. Os gastos que se avizinham, regulares e extraordinários, agigantam-se. É assim que tenho de dar o corpinho ao manifesto, o que é uma pena. Toda a gente sabe que tenho muito mais jeito para pensar nos meus filmes, nos dos outros, fumar cigarros e ouvir música. Às vezes até faço uma canção. Cumpro diligentemente as minhas obrigações domésticas e o piar da coruja não me é estranho. Garanto-vos que era melhor para todos se a remuneração de todas estas actividades fosse justa. Não é. Então, meus caros, se souberem de algum trabalho, temporário ou permanente, bem ou mal pago, desde que pago, nas seguintes áreas:

- cinema: qualquer função (excepto financiador);
- qualquer outra coisa que mexa com imagem, edição, som (publicidade, institucionais, televisão aaarghhh);
- antropologia (é uma ciência social ou uma perspectiva);
- tradução (técnica ou táctica, inglês, francês, espanhol, catalão, crioulo ou Tulha - a língua da República Estética de Telheiras);
- prosa (jornais, revistas, catálogos, agendas, pasquins, flyers, slogans);
- crianças (ah, as crianças! monitorizo qualquer tipo de actividade: teatro, música, filme, sono - vasta experiência no terreno);
- explicações (de tudo, para todos);
- música: lojas, concertos, rádio, aconselhamento musical (acho que muitas pessoas, privadas e colectivas, precisam mesmo de);
- tráfico de influências (pagamento em géneros).

(...)

Responsabilidade & fotocópias

Às vezes pedem-me para fazer coisas complicadas, outras vezes sinto que ando a brincar às secretárias qualificadas.

Sem cerimónia

Acho injusto não ter recebido nenhuma nomeação para o Prémio Delete Your Blog (s) 2005.

quarta-feira

Sumário

Sexo é Físico-Química.

Ementa

- Hoje apetece-me um italiano.
- Estás a falar de restaurantes?

Ralph is fine

A mulher do Miguel tem bom gosto para baptizar peluches. Se bem que Ralfe Faines também não é um mau nome para um boneco insuflável... Ermenegildo é que não.

Long live Fay Wray (1907-2004)


(no filme, o realizador a dirigir a actriz)


King Kong, 1933

Kong's dead, baby

O símio (gorila, para ser mais exacto) cai do Empire State Building, ela fica a chorar e o argumentista acaba o filme a consolá-la.

Remake

No meio de três horas de virtuosismo técnico, bicharada pré-histórica (com uns vermes a fazer lembrar o retrofuturista - quantas vezes na vida é que uma pessoa tem oportunidade de escrever esta palavra, quantas? - Dune, de 1984, note-se) e troca de olhares demorados entre Ann Darrow e King Kong, no meio disto tudo, dizia eu, Adrien Brody é mal-empregado para o filme de Peter Jackson.

terça-feira

Conjugação de pessoas giras

Eu sou gira
Tu és gira
Ela é gira
Nós somos giras

Eles também.

segunda-feira

Rewind (and reload)

Segunda-feira, Março 15, 2004

Casaco em puro linho com acabamento chintz*

Hoje a edição em papel do PÚBLICO não traz a secção dos aniversários do dia, mas publica um anúncio com o Adrien Brody - quase de página inteira - de uma marca de roupa (pág.39). Já não é a primeira vez que acontece e espero que não se repita. Por uma razão muito simples: é que não consigo prestar atenção a mais nada. Qual Zapatero, qual al-Qaeda, qual Marques Mendes. Só consigo imaginar o Adrien a piscar-me o olho. Depois, a meio do primeiro parágrafo do «Olho Vivo» dou comigo a pensar na histérica da Charlize Theron que, na cerimónia que a oscarizou, perdeu uma oportunidade única de estar calada ao pé de um dos homens mais charmosos à face da Terra.

*Agradecimentos: Ermenegildo Zegna.

posted by sara # 12:41 PM

domingo

Homens bonitos, longilíneos e bem vestidos?


Não ligo nenhuma...

[Hoje à noite tenho encontro marcado com o macaco.]

About the music

«Half the film is picture, the other half is sound. They've got to work together. I keep saying that there are ten sounds that will be correct and if you get one of them, you're there. But there are thousands that are incorrect, so you just have to keep on letting it talk to you and feel it. It's not an intellectual sort of thing.»
- David Lynch

Tenho uma ligeira obsessão por bandas sonoras, instrumentais (pelo genial Bernard Herrmann, por exemplo) ou não, para cinema e não só. Something Wicked This Way Comes, de Barry Adamson (ver Nick Cave & The Bad Seeds), retirada do disco "Oedipus Schmoedipus", faz parte da banda sonora do filme Lost Highway, de David Lynch (que também compõe), juntamente com David Bowie, Rammstein e outros. Esta música de Barry Adamson anima uma festa, numa das cenas mais perturbantes do filme (story board e diálogos aqui). Quando Fred (Bill Pullman) se afasta de Renee/Alice (Patricia Arquette) para ir buscar bebidas é abordado por uma figura sinistra, Mistery Man, que enceta com ele um diálogo não menos sinistro, enquanto a música baixa até se tornar inaudível. Depois do telefonema, à medida que Fred se afasta intrigado da personagem misteriosa, a música ouve-se de novo e a festa continua, como se o encontro tivesse decorrido num universo paralelo. É assim que eu entendo as coisas.

sábado

Bairro Alto

Estive na festa Acidental no Frágil, animada pela ala reaccionária do Quase Famosos, respondendo assim ao apelo à presença de "miúdas de esquerda". A música estava boa, mas acho que os dois djs de serviço - quando eu cheguei infelizmente o terceiro já tinha abandonado o evento com stress pré-natal - podiam ter arriscado um pouco mais, para além do que toda a gente ali presente já canta de cor. Enfim, gosto que me surpreendam. Também tenho a criticar a ausência do Ricardo cuja não comparência considero imperdoável. Por outro lado, ainda tive oportunidade de estar à conversa com a Inês. E conheci finalmente a Batukada (gira, gira, gira, tal como eu a imaginava!), um encontro feliz proporcionado pela Charlotte*, anfitriã bombástica, que me ameaçou com um deslincamento quando, armada em betinha, me cortei ao after-party de lux(o). A verdade é que não tenho pedalada para acompanhar o pessoal de direita, principalmente quando há recibos verdes que me obrigam a respeitar alguns compromissos escandalosamente matutinos no dia seguinte. Mas depois vinguei-me e dormi a tarde toda. Quando acordei, assisti a um pôr-do-sol digno de um postal à venda nos melhores estabelecimentos da Costa da Caparica.

*Gosto muito de Anita Lane (e ainda mais de Marvin Gaye) - que ainda há-de passar por aqui a cantar qualquer coisa do disco Sex O'Clock - e não conhecia essa versão do clássico Sexual Healing. Boa!

terça-feira

Desejo cósmico

Não queria estrelas mas sim planetas.

Nudez masculina

- Esteticamente, não funciona.
- Acho que foi por isso que Deus criou a Mulher.

O prazer leva ao prazer

Começou a fumar no dia em que...

sábado

Continuidade

Lisboa, 10 Dezembro 2005

Querida Luísa,
Aqui tens o poema de Herberto Helder que me pediste, publicado em "Ou o Poema Contínuo", pela Assírio & Alvim, em Setembro de 2004. Espero que assim possas dissipar as dúvidas que te surgiram quanto à pontuação, métrica, versos e mesmo algumas palavras que te parecem diferentes na edição que encontraste aí em Barcelona.

Tríptico
II

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe, o amor,

que te procuram.


Fiz a cópia do poema cuidadosamente, sentada num cantinho da Fnac (Chiado). Ao meu lado estava um amigo, que já não encontrava há algum tempo, embrenhado na leitura de "À Espera de Godot". Contou-me que tem ido lá todas semanas para ler algumas páginas, deixa o livro na estante marcado com um papel e quando volta encontra-o sempre à sua espera... Também achei curioso descobrir que em "Ou o Poema Contínuo", a seguir ao Tríptico, vem O Amor em Visita. Já lá vão alguns anos desde que li este poema pela primeira vez e lembrei-me dum episódio que se passou quando andava na faculdade. Tive um professor de literatura portuguesa contemporânea de que gostei muito, não sei se pelos poemas que ele escolhia, se por me ter introduzido a alguns autores que só conhecia de nome (Jorge de Sena, por exemplo) ou se seria apenas pela forma estimulante como falava sobre literatura. Sei que durante um semestre me senti completamente arrebatada. Participava muito nas aulas (mais do que o habitual), mas era sempre o professor que fazia a leitura dos poemas. Até que, no dia em que começou a falar de Herberto Helder, pediu para que fosse eu a ler o início d'O Amor em Visita:

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.
(...)


A leitura até correu bem - era a primeira vez que lia aquele poema - mas foi demasiado intenso para mim. Estávamos em Junho, fazia muito calor... Fiquei zonza, pensei que desmaiava! Entretanto ele foi pedindo a outros colegas que também lessem e eu fiz um esforço para conseguir disfarçar o meu embaraço. Provavelmente ninguém reparou (nem mesmo o professor), mas seja como for não abri a boca nem voltei a pôr o dedo no ar nas aulas seguintes. Pouco depois chegaram as férias do verão (e ainda bem). Estou convencida que o dezoito que apareceu na pauta, tendo sido a classificação mais alta da turma, se deveu mais ao meu entusiasmo do que a qualquer outra coisa.

Como tens passado os últimos dias? O sol continua a brilhar? E os churros com chocolate quente, ao final da tarde, no café da Ópera? Obrigada também pelos passeios nas ruelas da Ciutat Vella. As deliciosas tapas e as esquinas. Em casa, os cigarros fumados na varanda e os (sor)risos.

Um beijo da tua amiga,
Sara

P.S. Só depois de ter transcrito para o meu bloquinho o poema de Herberto Helder é que me ocorreu procurá-lo na Internet. Pois encontrei-o, num blogue que costumo visitar, o Diotima. (E aqui a primeira parte do Tríptico.) Ficas ainda a conhecer o Vidro Duplo, que tem um interesse muito limitado mas... é meu.

quarta-feira



Oviedo, 20-V-902
Querida María Luisa: recibi con gran alegría el retrato de la rica Mª Luisina que esperaba todos los dias, pero he de confesarla puesto que en ellos estamos de acuerdo, que es más mono(?), much más, el original. Sin embargo es un recuerdo de ella y le estoy à V. muy agradecida, querida amiga. - Hoy tengo otra pretensión, y decididamente voy à parecerle caprichosa; estoy haciendo un album de tarjetas postales (esta colección aquí, es chifladura) y al tener en el la firma de amigas queridas, no he podido ménos de pretender la de V. ¿Querrá V. mandarme una y dispensar esta cariñosa pretensión? Le prometo para muy pronto una larga carta en contestación à la de VV que tanto nos han hecho gozar. (imperceptível) está buenísima, ya callejea y ha ido un dia al paseo de moda: pero se cuida mucho, pues se ha quedado aprensiva. - De V. un abrazo mio, à mi queridísima Dª Petra, recuerdos à su marido, (imperceptível) y esos chiquitos, y para V. el cariño con que la recuerdo todos los dias, su ami(?) Mercedes Diaz

sábado

Postat (de Barcelona)

Molt bé.

quinta-feira

Amadora

Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.


António Gedeão, "Amador sem coisa amada"

[para a Helena, leitora devidamente identificada]

Cantiga de amigo



O João aka Monsieur Cochon é um dos meus melhores amigos. Teve em tempos uma banda com o Daniel e amanhã (hoje) vai dar um concerto. Pedi-lhe uma música para pôr a tocar aqui no blogue, talvez a minha preferida, "Mademoiselle Désir", embora não tenha a certeza que se chame assim. Tentei confirmar essa informação, mas o artista manteve-se incontactável até à hora do fecho deste post.

Monsieur Cochon (clicar para ouvir)

Mostra de novos cantautores portugueses em Dezembro no Lounge*, às quintas-feiras, pelas 23h. Entrada livre.

*Monsieur Cochon dans la phôto.

Agenda blogosférica

Quero ir ao próximo concerto de Ninivitas. Não sei quando é, mas fica já marcado.

«música é apenas notas, sustenidos e bemóis»
(Voz do Deserto, Religião e Panque-Roque)