Medo do escuro (ii)
Santa Ágata, Oficina Maneirista Algarvia, finais do séc. XVI
Encontrei este quadro quando circulava no Museu Municipal (lá fora chovia). Estava pendurado no corredor menos iluminado entre as salas do Convento, e não resisti a fotografá-lo (peço imensa desculpa, suponho que não seja permitido). Deixou-me tão impressionada que continuo a pensar nele, uma semana depois. Uma mulher com uma bandeja nas mãos, onde repousam as suas maminhas, digo, seios (respeito pela Santa) cortados.
Como não conhecia a história desta mártir, fui procurar: Ágata foi vítima das perseguições do Imperador Décio(?) aos cristãos, por volta do ano 250. No entanto o que precipitou a tortura dela terá sido o despeito (não sei se estou a ser muito feliz com esta palavra) de um cônsul romano quando ela se recusou a casar com ele. Consta que era muito bonita, vinda de uma família nobre da Catânia (Sicília), e com uma fervorosa devoção a Cristo. Tentaram corrompê-la enfiando-a num bordel, mas ela não cedeu. Então mandaram-na para os calabouços onde lhe fizeram esta atrocidade (entre outras). Depois de ter tido uma visão de São Pedro as suas feridas sararam. Claro que a história não acaba aqui, embora não seja difícil de imaginar o resto: mais torturas, mais milagres, torturas, milagres. Canonização.
O relato desta amputação pode ser verdadeiro ou pode ser inventado. É indiferente. Será sempre produto da mente humana. E esse é o maior horror.
minha primeira leitura sobre santa ágata resultou em um desenho pois imagem não havia. não sou da fé nem de religião alguma, sou mastectomizada por conta de câncer, nomeei a santa padroeira (e ela é, soube depois). hoje passeio pela net e encontro esta bela imagem colhida por você.
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