Quadrado semiótico*
Esta semana celebro 29 anos de vida e não me apetece continuar a auto-reprimir um comentário que tenho a fazer sobre Eduardo Prado Coelho (EPC). O que me impressiona na atitude de desprezo que ele vem ostentando relativamente aos blogues - não foi a primeira vez - é o facto de saber que ele é Professor num curso de licenciatura de Ciências da Comunicação e, pior ainda, de estar a ter aulas com ele este semestre no Mestrado (ou Pós-graduação, depende do que eu for capaz de fazer nos próximos meses) de Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação.
Não me chocam os Professores "da velha guarda" que não usam praticamente computadores e que não recomendam bibliografia em inglês "porque não dominam a língua". Antes pelo contrário, até lhes acho alguma graça, desde que os preconceitos ideológicos e académicos não prejudiquem os alunos. Agora, um Professor de (Introdução à) Cultura Contemporânea, que escreve regularmente na imprensa, num jornal de referência que presta bastante atenção ao que se passa na "blogosfera", vir dizer uma coisa destas, faz-me muita confusão. (E nem valerá a pena referir a contradição expressa no parágrafo que transcrevi.)
Generalizar desta forma a inutilidade dum fenómeno comunicacional contemporâneo, e cuja evolução hoje nem é possível prever, é incompreensível. Mais, acho ofensivo. EPC já terá sido várias vezes enxovalhado por alguns bloggers, mas outros haverá que o terão criticado (ou elogiado) educadamente, e com bons argumentos, porque o seu desempenho como cronista tem muito que se lhe aponte. E como ser inteligente que é, EPC não devia deixar que o ressentimento lhe afecte o raciocínio. Pela parte que me toca, reconheço-lhe várias qualidades - e não, isto não é graxa - ou não teria escolhido fazer a cadeira opcional que ele lecciona.
Existem triliões de blogues e, de facto, a maior parte deles não tem interesse por si. Ou porque mantêm um registo exclusivamente "umbiguista", ou porque se debruçam sobre temas que não nos interessam, you name it. O meu, por exemplo, não terá um interesse potencial para 99,9% dos internautas que falam português. (O que também não significa que eu considere que o meu blogue seja "lixo".) Mas existem muitos outros bloggers para além de Pacheco Pereira que dedicam o seu tempo a pensar a actualidade (e não só), que trazem novas perpectivas sobre variadíssimos temas de interesse público. É um media que se presta inclusivamente a servir a função de escrutínio ao "4º Poder". É este, aliás, o aspecto que me parece mais interessante (e importante) do debate que se gerou com o lançamento do livro de Manuel Maria Carrilho. (Que eu não li, bem entendido, mas que até gostava de ler, apesar da antipatia crescente que sinto em relação ao seu autor.)
De certa forma, este post também é uma tentativa sincera ainda que redutora de fazer isso, de criticar o que se diz, e como se diz, na imprensa. E como já escrevi essencialmente aquilo que pretendia dizer, fico-me por aqui.
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Assino aqui, após ler atentamente sua "crítica-crônica? Pouco importa os nomes de gêneros, mas procedem suas ideias sem nem mesmo o conhecer nem ao referido prof.
ResponderEliminarSou das Letras, e apesar de não ser da comunicação midiática, tenho algumas leituras na área o suficiente para considerar a importância deste fenômeno (gênro que se adequa a quem está atento às novas tecnologia de comunicação "sibermidiática"), vejo que os blogs são essenciais hoje para divulgar pensamentos...mesmo num momento em que pouca gente produza bons conhecimentos. Ou será que ele é da época em que a escrita resumir-se-ia ao mosteiros medievais? Reflitamos!