quarta-feira

Palavra do dia: Ai (sem acento no i)

Hoje acordei cedinho, bem disposta, penteado novo («Vou-lhe abrir o olhar», disse a cabeleireira com a tesoura apontada à minha franja, que me andava a causar um problema sério de visibilidade), já tinha a reunião da manhã preparadinha, uma série de posts giros para fazer (a cores e tudo), e ontem à tarde tive uma surpresa tão boa (só espero estar à altura do simpático convite com sotaque açoreano). Ainda tive tempo de ler o jornal e ir à mercearia comprar espinafres para fazer uma sopa saborosa e estou convencida que não engordei, mesmo depois de ter comido duas fatias de bolo de chocolate obscenamente grandes na semana passada. Portanto, estava tudo a correr sobre rodas.

Eis senão quando... Alegre e contente a conduzir a minha viatura, ao som de Les Rythmes Digitales, um polícia manda-me encostar. Primeira constatação: este palhaço vai-me fazer chegar atrasada à reunião. Segunda constatação, depois dele me pedir os documentos: será que este tipo não tem mais nada para fazer? De certeza que naquele preciso momento estaria alguém a assaltar uma loja ou a cometer um atentado ao pudor pelas redondezas. «A validade da inspecção expirou em Outubro», disse ele com ar grave, ostentando um bigode hirto, e sobretudo ridículo. «Vai ser autuada em 250 euros.» Ai. «Como?! Senhor Guarda... Eu sou humana, distraída, seja compreensivo, esse bigode fica-lhe tão bem...» Resposta: «Pode pagar em dinheiro, cheque ou multibanco. Já chamámos uma viatura com essa funcionalidade. Se não pagar agora, apreendo-lhe a carta, que só será devolvida quando efectuar o pagamento.» #%/YH#"#$%&/, pensei eu. Que remédio, tive de pagar. Mas não sem antes lhe ter agradecido ter-me estragado o dia, e espero que esteja satisfeito com a sua boa acção, e que bela maneira esta de desperdiçar os recursos do estado, gastando o dinheiro dos contribuintes a chamar viaturas da polícia com um terminal de multibanco, espero que lhe sejam retiradas todas as regalias na reforma, que arda no inferno e por aí em diante. É claro que, à luz da lei, a razão estava do lado dele. Mas caramba! CINQUENTA CONTOS devido a uma distracçãozita, não fiz mal a ninguém... Agora estou infeliz a pensar onde vou ter de cortar nas despesas nos próximos tempos para equilibrar umas contas que já não estavam muito equilibradas. Lá se vai o arranjo do bate-chapas por causa daquela amolgadel... err... Não interessa.

De volta a casa, encontrei pelo caminho a Joana Amaral Dias num cruzamento. Quer dizer, se calhar não era ela. Podia ser aquela sósia que é mandatária da juventude daquele senhor, ai, como é que ele se chama? Um senhor assim com uma certa idade, idade para ter juízo, que já fez o que tinha a fazer na vida política portuguesa, protagonismo quanto baste, e agora arrisca-se a passar a humilhação da vida dele. Chorará as suas mágoas bebendo trinaranjus com os seus netinhos, que devem ser mais velhos do que eu. São rosas, senhor.

Vai daí, fui ao frescos, à procura de algo que me animasse. Via Bomba Inteligente, cheguei à Mal Amada. Fartei-me de rir, mas não é um blogue aconselhado aos mais impressionáveis. Para recuperar a minha boa disposição, que ficou encolhida numa esquina, algures na Av. da Liberdade, bom mesmo seria aparecer no destaque do Bomba Inteligente (cliquem muito, por favor, senão ela não repara), ao pé da Mal Amada. Afinal, tenho algumas afinidades com a Ma, nem que seja o facto de ambas possuirmos um aparelho reprodutor feminino. Por outro lado, duvido muito que ela fosse tão descuidada (ou idiota, conforme a perspectiva) ao ponto de deixar, como eu fiz, que lhe roubassem o ex-URL, onde agora está alojado um pseudo-blogue chamado "Mega Cock Cravers" (que coisa linda), sem que eu tenha grandes hipóteses de reencaminhar para aqui algumas pessoas que gostam de ler os meus dislates (ainda deixei lá um comentário, coisa que não serve de muito). Mas enfim, ninguém tem culpa que o meu carro ande ilegal por essa cidade fora, a não ser eu própria, como é evidente.

Agora pareço uma metralhadora, a teclar duzentos caracteres por segundo. Desculpem, mas tinha de desabafar. Ai. 50 contos. O segurança do Instituto ainda foi simpático, como sempre. Tendo assistido à cena toda que envolveu o agente da autoridade, ofereceu-se para me estacionar o carro e pagou-me o parquímetro. Quando quis reembolsá-lo, recusou. «Sôtoura, deixe lá. Hoje já gastou tanto dinheiro...» Engraçadinho.

Entretanto, os periquitos do vizinho estão-me a infernizar a cabeça. Acho que vou ali partir um prato para soltar a minha raiva. Não, talvez seja má ideia. Já seriam 50 contos, mais uns trocos. Preciso de poupar. Em vez disso, vou mas é respirar fundo e enfrentar isto como uma mulherzinha, que é como diz, marcar a inspecção do carro. Ai.

Mas ainda não é tudo! Acabo de ler um curriculum, de onde consta na secção "Actividades Cívicas" que o dito cujo «foi Administrador de Condomínio na Rua X, entre 2001 e 2002». Merecia ser autuado. Meu deus, que mais me irá acontecer?

Uns minutos depois... leio uma resposta possível: o Blogue de Esquerda vai acabar no final deste mês.

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